Reabilitação após reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior


“A corrida deve ser iniciada 3 meses após a cirurgia” – Verdade ou Mito?

 

Na reabilitação de uma cirurgia de reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior em atletas o início da corrida é um passo muito importante. No entanto, é também uma fase de transição que requer cuidados e acima de tudo critérios para o sucesso da recuperação.

Um progresso constante no processo de reabilitação influencia de forma positiva os resultados funcionais, contudo, se essa progressão não for realizada de forma criteriosa podemos aumentar o risco de nova lesão. Por outro lado, atrasar a recuperação pode influenciar de forma negativa a motivação e a prontidão psicológica do atleta.

Com tudo isto em que ficamos?

Numa revisão bibliográfica verificou-se que muitos estudos apontavam o tempo pós-cirúrgico (+/- 3 meses) como o principal critério para o início da corrida num processo de reabilitação de LCA.

Mas será que todos os atletas estão no mesmo estado físico, funcional e psicológico ao fim de 3 meses? Nem sempre!!

Por esta razão, mais recentemente surgem estudos que acrescentam outro tipo de critérios. A mais recente evidência científica diz nos que de modo a reduzirmos o risco de nova lesão e complicações futuras para o atleta devemos ter em conta critérios clínicos mas também testes funcionais, de força e performance.

 

Critérios clínicos:

– O joelho não deverá apresentar edema

– Amplitude de movimento de flexão do joelho completa ou >95% comparada com o lado contralateral

– Sem dor ou dor no máximo 2/10 na Escala Visual Analógica

– Extensão completa do joelho de forma ativa (Amplitude de 0º)

 

Critérios de força:

– Força de quadríceps e Isquiotibiais deve ser >70% comparado com o lado contralateral (Teste isométrico/Isocinético)

 

Critérios funcionais e de performance:

– Apresentar um padrão de marcha normal

– Distância no Hop test >70% comparada com o lado contralateral (teste de salto frontal com uma perna)

– Apresentar um bom controlo motor e equilíbrio no agachamento unilateral (ausência de valgo dinâmico, ou seja, o joelho deve manter se alinhado no plano do pé)

 

Concluindo, a decisão para o início da corrida deve ser individualizado, ou seja, não existe um número de semanas/meses que funcione como regra. Devemos sempre basear a nossa decisão em critérios clínicos e em testes funcionais, de força e performance, sem nunca esquecer que o atleta se deve sentir confiante para dar este importante passo no processo de recuperação.

 

Fonte: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29720478/