Sabia que fatores de risco modificáveis para condições neurológicas, como os AVC, incluem o tabagismo, alcoolismo, obesidade e sedentarismo? Assim fica fácil de entender que um estilo de vida saudável é fundamental para prevenir o seu aparecimento!
Mas e quando já estamos perante uma condição neurológica?
Para isso precisamos de entender o conceito de Neuroplasticidade.
“A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se reorganizar e aprender novas funções, mesmo depois de uma lesão. É como se o cérebro fosse uma rede de estradas. Quando uma estrada principal é bloqueada (por exemplo, devido a uma lesão do sistema nervoso), o cérebro tem a capacidade de construir desvios, novas rotas que permitem que os sinais cheguem onde precisam. Quanto mais se usam essas novas rotas (com exercícios ou reabilitação), mais fortes e eficientes elas se tornam. Se parar de usar uma estrada, ela pode começar a “desaparecer”, como um caminho que cresce com ervas daninhas.
Mas e que fatores podem influenciar a neuroplasticidade?
O sono! O sono é fundamental para consolidar memórias e sustentar as mudanças estruturais e funcionais no sistema nervoso. Ele promove processos como a regeneração sináptica (ligações de neurónios), consolidação de informações aprendidas e remoção de toxinas acumuladas. A privação de sono, por outro lado, prejudica a atenção, a memória e a reorganização neural, limitando o potencial de plasticidade.
A dieta. A alimentação afeta a química cerebral, a integridade das conexões neuronais e a produção de fatores neurotróficos como o BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro, importante na reconstrução axonal e criação de sinapses). Dietas ricas em ácidos graxos ômega-3, vegetais, frutas e grãos integrais, como a mediterrânea, aumentam a neuroplasticidade. Por outro lado, dietas desequilibradas ou excessivamente calóricas podem levar à inflamação e prejudicar as funções cognitivas.
O Exercício. A atividade física, principalmente a atividade aeróbia, estimula a produção de BDNF, promove a produção de neurónios e melhora o fluxo sanguíneo cerebral. Exercícios regulares são particularmente eficazes em proteger o cérebro contra doenças neurodegenerativas e em facilitar a recuperação após lesões neurológicas. A prescrição de exercício para pessoas com condições neurológicas deve ser realizada por um profissional de saúde qualificado para tal, uma vez que a qualidade do movimento é um fator chave na realização e implementação de programas de resistência/força, sendo muito importante de evitar “movimentos compensatórios”. Deve-se, inclusive, priorizar os princípios de repetição e prática integradas em tarefas em vez de treino de força específico.
Estado emocional. O stress crónico, a ansiedade e a depressão podem prejudicar a neuroplasticidade ao aumentar os níveis de cortisol e inflamação no cérebro, além de reduzir a liberação de fatores neurotróficos como o BDNF. Por outro lado, estados emocionais positivos, como motivação e otimismo, estão associados a uma maior capacidade de aprendizagem e recuperação cerebral ao promoverem melhor funcionamento do sistema nervoso.
Educação na dor. Educar os utentes sobre os mecanismos da dor é uma intervenção baseada em evidências que influencia diretamente a perceção e a experiência dolorosa. Isso reduz o medo e a catastrofização, que são barreiras para a reabilitação. Ao entender que a dor nem sempre reflete dano estrutural, os utentes podem adotar comportamentos mais funcionais, o que aumenta a neuroplasticidade adaptativa.