A COVID-19 e a Dor Crónica


Por Alcino Duarte, médico e fisioterapeuta


Ainda não se conhecem todas as consequências decorrentes das mudanças e limitações sociais a que a COVID-19 obrigou. Uma das perguntas sobre o impacto da pandemia diz respeito aos seus efeitos na dor crónica.

Há várias patologias que podem produzir dor crónica: uma lesão traumática após uma cirurgia, patologias oncológicas, algumas patologias infeciosas (como, por exemplo, a zona), patologia músculo-esquelética, cefaleias. Doenças crónicas ou autoimunes como a artrite reumatoide, a doença inflamatória intestinal, a fibromialgia e a diabetes também podem gerar dor crónica.

 

Efeitos da pandemia

A pandemia não teve um impacto apenas para as pessoas que tiveram COVID-19. Os períodos de quarentena, bem como as várias restrições que foram impostas, contribuíram para danos psicológicos e sociais, promovendo, entre outras coisas, a imobilidade, a diminuição na acessibilidade a consultas e a redução das atividades físicas relacionadas com a saúde. Neste sentido, contribuiu para o aumento da incidência de novos casos de dor crónica ou agravamento da dor crónica já preexistente.

Desde o início da pandemia, a comunidade científica tem identificado a dor como um sintoma persistente importante após a infeção por SARS-Cov-2. Tem sido estudado a capacidade deste vírus invadir tanto o sistema nervoso central e periférico, como o músculo esquelético, a membrana sinovial e o osso cortical. Todos estes comportamentos podem ter consequências ao nível da dor.

A cefaleia (dor de cabeça) tem sido a entidade mais identificada nos doentes pós-COVID-19, seguida da dor nos membros inferiores, tanto articulares, como musculares.

A depressão, a ansiedade e as perturbações do sono são as comorbilidades mais frequentemente associadas

 

Qual a resposta médica à dor crónica

O objetivo é a atenuação do sofrimento ao nível físico, emocional e psicológico.

Neste contexto, o médico Alcino Duarte, refere que se pode recorrer a técnicas específicas de diagnóstico, a medidas conservadoras de tratamento com recurso a terapêuticas multimodais farmacológicas, de fisioterapia e a técnicas de intervenção minimamente invasivas, como acupuntura, consoante a patologia em causa.